Beethoven disse que a música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria. Essa arte emociona e encanta a humanidade desde o início dos tempos e muito tem-se estudado sobre ela.
Em sua mais recente pesquisa sobre o impacto da educação musical , a Universidade do Sul da Califórnia, (USC) apresenta que seus benefícios para os adolescentes parecem se estender além de um aumento nas conexões neurais em seus cérebros, aumentando o seu bem-estar.
O estudo foi publicado pela revista Frontiers In Psychology poucas semanas depois de os eleitores aprovarem o Prop. 28 para aumentar o financiamento para artes e educação muiscal nas escolas públicas da Califórnia.
De acordo com a professora Beatriz Ilari, associada de educação musical na USC Thornton School of Music e autora correspondente do estudo, “as muitas narrativas de perda de aprendizagem que surgiram desde o início da pandemia pintam um quadro sombrio chamado de ‘geração perdida’. “A música pode ser uma atividade para ajudar os alunos a desenvolver habilidades e competências, trabalhar suas emoções, envolver-se no trabalho de identidade e fortalecer as conexões com a escola e a comunidade.”
Embora muitos estados tenham reduzido a duração da aula, corpo docente e currrículo dedicado às artes em meio a restrições orçamentárias nos padrões curriculares, a evidência dos benefícios da educação muisical continua a aumentar.
Ilari já havia contribuído com estudos anteriores, incluindo um estudo longitudinal pelo USC Brain and Cretivity Institute, que demonstrou que as crianças que aprendem um instrumento musical têm melhorado a função cognitiva. Outras pesquisas, também demonstraram que a educação musical contribui para melhorar a criatividade e confiança, a saúde mental, a estabilidade emocional e o desempenho dos alunos.
Foram administradas pesquisas anônimas e on-line para 120 alunos de 52 escolas de ensino médio do Distrito Escolar Unificado de Los Angeles. As perguntas da pesquisa cobriram os principais domínios do desenvolvimento positivo da juventude, incluindo competência e confiança.
Ilari e seus colegas pesquisadores, incluindo a ex-aluna da USC Thornton Eun Cho, encontraram muitos efeitos positivos. Eles descobriram que os alunos que começaram a educação musical antes dos 8 anos estavam mais esperançosos em relação ao futuro, mostrando que os alunos mais jovens que recebem treinamento musical pontuaram mais em medidas-chave de desenvolvimento positivo.
A equipe de pesquisa também descobriu que alunos mais jovens demonstraram maior desenvolvimento que seus colegas mais velhos. Os alunos da sexta série, por exemplo, obtiveram uma pontuação maior para o desenvolvimento geral positivo do que os alunos da oitava série e uma pontuação maior no domínio da confiança do que os alunos da sétima e oitava séries. Os alunos do sétimo ano também pontuaram mais no desenvolvimento geral positivo do que os alunos do oitavo ano.
O estudo incluiu estudantes de diversas origens. No entanto, os alunos que participam de um programa de educação musical virtual vieram principalmente de bairros pobres, indicando disparidades no acesso à educação musical formal.
Além disso, o estudo explorou o envolvimento dos alunos em diferentes programas de música, incluindo o Virtual Middle School Music Enrichment (VMSME), um programa extracurricular gratuito que se concentra na educação musical popular e na aprendizagem virtual, disponível através de uma parceria do distrito escolar com a Fender Play Foundation. Os pesquisadores descobriram que os alunos que participavam de múltiplas formas de educação musical e por períodos mais longos de tempo pontuaram mais em medidas de competência e expectativas futuras esperançosas. Alguns participantes desses grupos também estavam matriculados em aulas particulares e/ou tocando em pequenos grupos que oferecem mais atenção individual do que as aulas em grandes grupos. Em contraste, os alunos do programa extracurricular VMSME vinham de bairros de baixa renda e participavam de menos atividades extracurriculares.
“Ao expandir o acesso a instrumentos e aulas de música para estudantes de áreas socioeconômicas baixas, uma população que muitas vezes é deixada de fora dos programas de música da escola, o VMSME contribuiu para a democratização da educação musical”, disse Ilari. “Ao longo da pandemia, os alunos das escolas públicas, especialmente nas áreas urbanas, foram desproporcionalmente impactados pelos bloqueios que os privaram do contato físico e social com os pares. O VMSME reuniu estudantes de diferentes bairros em um momento em que a formação de grupos de pares é essencial para o desenvolvimento da identidade social.”
Segundo a professora Ilari, ainda são necessárias pesquisas para melhor entender as disparidades no acesso à educação musical formal, mas programas como o VMSME, têm o potencial de promover a aprendizagem e o bem-estar.
Você pode acessar o texto original em Phys.org.